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ESG gamificado: engaje equipes com sustentabilidade

Por que ESG e Gamificação são aliados estratégicos hoje

O universo corporativo está passando por uma mudança. A sustentabilidade, que antes era vista como algo secundário, agora é importante. Ela não é mais apenas responsabilidade dos departamentos ambientais.

Hoje, a sustentabilidade é um pilar estratégico. Isso é essencial para a sobrevivência e a competitividade das organizações. 

Nesse cenário, os princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança) se tornam importantes para a mudança. Eles pedem mais do que ações simbólicas. Precisamos de práticas reais, que possam ser medidas e, acima de tudo, que façam parte do dia a dia dos colaboradores.

No entanto, um dos maiores desafios da gestão sustentável está justamente na mobilização da cultura interna. Como envolver equipes diversas em processos de transformação profunda sem recorrer a manuais impositivos ou discursos desgastados? Como fazer com que a sustentabilidade deixe de ser um valor institucional apenas declarado para se tornar um hábito vivido?

É nesse ponto que o ESG gamificado surge como uma estratégia poderosa. Ao traduzir metas, comportamentos e indicadores em jogos, desafios, recompensas e histórias colaborativas, as empresas podem criar um senso de pertencimento. Isso ajuda a aumentar o engajamento e a competição saudável. O foco é na transformação social, ambiental e ética.

O que é ESG: muito além de uma sigla verde

A sigla ESG apareceu oficialmente em 2004. Isso aconteceu no relatório “Who Cares Wins”. O relatório foi publicado pelo Pacto Global da ONU, em parceria com o Banco Mundial. Ela propunha que critérios ambientais, sociais e de governança deveriam ser integrados às análises financeiras de empresas e investidores. 

Desde então, o conceito se expandiu globalmente, sendo hoje utilizado como métrica de reputação, atratividade de mercado, compliance e engajamento institucional.

No Brasil, segundo o estudo da PwC (2023), 85% dos CEOs consideram os critérios ESG essenciais para o futuro dos seus negócios. Porém, apenas 28% afirmam ter estratégias integradas que envolvam seus colaboradores no processo de transformação cultural.

Isso revela um abismo entre o discurso institucional e a prática corporativa. A transformação ESG não se limita a políticas ambientais, auditorias sociais ou estruturação de conselhos com diversidade — ela exige engajamento humano, cotidiano, subjetivo.

Cultura Organizacional: o solo onde a sustentabilidade precisa florescer

A cultura organizacional é o ecossistema simbólico no qual hábitos, crenças, valores e comportamentos se reproduzem. É nela que os princípios ESG devem florescer. Mas o solo nem sempre é fértil.

Segundo Edgar Schein (2010), a cultura tem três níveis. O primeiro são os artefatos, que são visíveis.

Eles incluem símbolos, discursos e rituais. O segundo nível são os valores declarados. O terceiro nível são as pressuposições inconscientes.

Quando falamos de sustentabilidade, muitas vezes ela aparece apenas nos dois primeiros níveis. Isso acontece em frases em murais ou em relatórios de sustentabilidade. Mas, muitas vezes, não chega à prática, à atitude ou ao inconsciente coletivo da organização.

Aqui entra a importância da comunicação interna e do endomarketing. Não basta informar, é preciso emocionar, envolver, desafiar. A gamificação é o elo entre o valor e o 

O poder da gamificação no contexto corporativo

Gamificação é usar elementos de jogos, como pontuação, desafios e recompensas, em situações que não são de jogo. Isso pode acontecer na educação, na saúde ou em empresas. Seu objetivo é gerar engajamento, aprendizado e mudança de comportamento por meio de experiências motivadoras.

Segundo Yu-kai Chou (2019), autor da estrutura Octalysis, existem oito motores motivacionais na gamificação. Esses motores ajudam no sucesso da gamificação. Eles são: senso de propósito, conquista, empoderamento, pertencimento, imprevisibilidade, escassez, propriedade e evitação.

Quando bem implementada, a gamificação ativa o circuito cerebral da dopamina, gerando sensação de prazer, superação e conquista. E o melhor: ela não impõe o comportamento — ela convida o colaborador a vivê-lo de forma voluntária, leve e memorável.

Framework: como integrar ESG, gamificação e comunicação interna

A conexão entre ESG e gamificação não deve ser acidental ou superficial. Para gerar resultados reais, é necessário um projeto estruturado, com base nos pilares da comunicação interna e do endomarketing. Abaixo, apresentamos um framework com três camadas complementares:

1. Planejamento estratégico: desdobrando metas ESG em comportamentos medíveis

Antes de “gamificar”, é preciso definir o que será gamificado. É fundamental que as metas ESG sejam desdobradas em ações concretas do cotidiano, tais como:

  • Separar corretamente os resíduos no ambiente de trabalho
  • Utilizar transporte coletivo ou caronas solidárias
  • Participar de ações sociais voluntárias organizadas pela empresa
  • Contribuir com ideias para redução de desperdício de energia ou papel
  • Praticar escuta ativa e respeito em dinâmicas de diversidade

Essas ações devem ter indicadores associados (quantitativos e qualitativos) e se tornarem “desafios” ou “missões” dentro da mecânica do jogo.

2. Design Gamificado: transformar sustentabilidade em jogo

É aqui que a mágica acontece. Com base em mecânicas de jogos, cria-se um sistema com:

  • Narrativa envolvente: ex. “Missão Planeta Corporativo”, “Guardiões do Clima”, “Liga da Ética”
  • Avatares personalizados: colaboradores criam seus perfis e identidades no jogo
  • Sistema de pontos: cada ação vale pontos ESG (E-points, S-points, G-points)
  • Ranking sustentável: equipes ou departamentos competem de forma saudável
  • Recompensas simbólicas: troféus, certificados, prêmios coletivos (plantio de árvores, doação em nome da equipe)

3. Comunicação interna estratégica: o elo emocional da jornada

A gamificação só gera impacto se for comunicada de forma eficaz. Isso exige uma campanha interna com:

  • Teasers criativos
  • Pílulas em vídeo com líderes ou embaixadores da sustentabilidade
  • Murais físicos e digitais com ranking atualizado
  • Histórias de colaboradores que se destacaram
  • Ações em datas comemorativas (Dia do Meio Ambiente, Dia da Ética)

A comunicação interna deve atuar como mediadora emocional da estratégia ESG — dando sentido, empatia e brilho humano à jornada.

O impacto real da ESG gamificada

A gamificação bem planejada e alinhada com os valores de ESG pode gerar impactos profundos, como:

a) Engajamento ativo e voluntário

Segundo a consultoria Gallup (2023), empresas com equipes altamente engajadas são 21% mais lucrativas. A gamificação desperta o envolvimento afetivo dos colaboradores, reduzindo a resistência à mudança.

b) Aprendizado contínuo e vivencial

Estudos da Universidade de Stanford (2022) mostram que aprender com experiências gamificadas retém 3 vezes mais informações do que métodos tradicionais.

c) Transformação da cultura organizacional

A ESG gamificada ajuda a fazer os valores sustentáveis parte do dia a dia dos colaboradores. Isso acontece não como uma imposição, mas como um jogo, uma missão e um propósito.

d) Construção de reputação e marca empregadora

Empresas que envolvem seus colaboradores em estratégias sustentáveis aumentam seu valor de marca, atraem talentos e reforçam a confiança de stakeholders e investidores.

Conclusão: ESG gamificado é a nova fronteira da sustentabilidade interna

O grande desafio da sustentabilidade nas empresas não está apenas nas metas ambientais ou nas auditorias de governança — está nas pessoas. No comportamento silencioso, na cultura invisível, nas escolhas diárias.

Transformar essa realidade exige mais do que cartilhas ou relatórios: exige encantamento. A gamificação, nesse sentido, é uma ponte entre o estratégico e o simbólico. Quando usada de forma criativa, ética e alinhada aos pilares ESG, ela ajuda os colaboradores a aprender sobre sustentabilidade. Assim, eles se tornam protagonistas dessa causa.

É possível gerar impacto com leveza. Criar cultura com diversão. E mudar o mundo começando por dentro da empresa.

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Referências 

BARRETO, Ricardo. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Pioneira, 2000.

CHOU, Yu-kai. Actionable Gamification: Beyond Points, Badges, and Leaderboards. Octalysis Media, 2019.

FREITAS, Carla; MELLO, Tatiana. ESG: Um guia para lideranças sustentáveis. São Paulo: Alta Books, 2022.

GALLUP. State of the Global Workplace 2023 Report. Disponível em: https://www.gallup.com. Acesso em: 20 maio 2025.

PWC Brasil. CEO Survey Brasil 2023. Disponível em: https://www.pwc.com.br. Acesso em: 18 maio 2025.

SCHEIN, Edgar H. Organizational Culture and Leadership. San Francisco: Jossey-Bass, 2010.

STANFORD UNIVERSITY. Gamification in Learning: Long-Term Engagement Effects. Stanford Press, 2022.

UN GLOBAL COMPACT. Who Cares Wins – Connecting Financial Markets to a Changing World. UN Report, 2004.